quinta-feira, 2 de junho de 2011

Memória

Tem um filme novo passando: "Eu sou o senhor do castelo". Tá afim? Lá no Roxy. Depois a gente vai na Colombo, aí você come aquele uêiful empanturrado de manteiga e encharcado de mel. Bom, se tiver isso não tem sorvete de pistache, né? Tem?! Cacete, tá certo. Olha só, deixa eu te falar uma coisa, assim, pra você saber, esse lance de cinema, exposição, falar inglês e tudo mais, isso é mais com sua mãe, né?, você sabe. A parada do teu pai é rua, é o jogo do Vasco no Maraca, São Januário, tá lembrado?, quando a gente chegou cedinho ali na Praça da Bandeira, almoçou ali perto - pra ver a torcida chegando, o pai com os filhos, o casal vascaíno, os que vão sem camisa, mas levam pendurada no ombro. Foi daquela mesma vez que teve um assalto, lembra?, no ônibus e você ficou todo assustado... É, eu sei, ali qualquer um teria medo, eu também, porque ver gente armada é foda, não se sabe qual é a do cara, o que ele quer - ou o que querem dele. Mas voltando ao cinema, quero dizer, me falaram desse filme, queria ir contigo, parece ser legal. Vamos mesmo, fechado? Maravilha, passo aí na tua mãe lá pelas quatro horas, agora são onze da manhã, acabei de chegar do calçadão. Poxa, não vai dar, tô de folga esse fim de semana. Gostou do bandejão, né? Melhor que o do colégio?! Pô, aí, tua escola tá mal servida, hein?! Ih, não vai sair dizendo isso que eu disse, hein? Isso é papo de homem. Tá legal. Amanhã tem Vascão, hein? Mas não é aqui, é lá, entendeu? Aí passa na televisão. Isso, Bebeto. E parece que esse ano a gente é bicampeão brasileiro! Ano passado o Cocada quase acabou comigo. Mas acabou foi com eles. Deixa eu ir lá, meu filho. Daqui a pouco tô aí. Um beijo.


Até já.