sexta-feira, 24 de julho de 2009

No Conto do Vigário, só cai o vigarista

Que jornalista escreve pra jornalista, todo mundo já percebeu. O leitor é coadjuvante, é plateia de pista livre. Lê, às vezes opina, mas sempre repercute os principais assuntos na sala do café, no corredor da empresa, na hora do almoço. Tudo bem.



Mas de uns tempos pra cá, pegando carona num ensaio sobre a crise da notícia, escrito pelo bravo Geneton Moraes Neto, os jornais não trazem mais novidades. Véspera se confunde com o dia. Daniel Dantas é réu em processo de formação de quadrilha. Aham, legal. Qual a nova? Pra mim, não o jornalista, mas o cidadão, o reles leitor, o banqueiro sempre foi réu. Sempre foi um bandido safado, ladrão, cínico e tudo mais que a corja de canalhas possa abrangir. Quer dizer, notícia mesmo seria se ele fosse, enfim, condenado e preso. Antes disso, amigos, leremos nas entrelinhas de muitas manchetes, novidades antigas. “Ah, não, caro blogueiro, o Dantas havia sido indiciado pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, mas formação de quadrilha ainda não tinha sido formalmente acusado”. Ahhhhhhhhh, tá. Entendeu, leitor, a notícia? Porque tem até repórter que não sabe esclarecer bem essas diferenças, digamos, assim, sutis.



Outra: José Alencar recebeu alta. Todo dia nosso digníssimo vice-presidente recebe alta. Isso lá é notícia? Parece que os plantões na porta dos hospitais, na verdade, são planejados – me perdoem – na expectativa de outra notícia, que ainda não aconteceu.



Jornalista é fogo.

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